Anfíbios
Os anfíbios são tetrápodes*, de pele lisa, úmida e sem escamas. O grupo é formado por três linhagens com características bem distintas: (1)Anura - são os anfíbios sem cauda. Este grupo tem como representantes os sapos, as rãs e as pererecas. (2) Urodela ou Caudata - este grupo está representado pelas salamandras e tritões, são os anfíbios que possuem o corpo flexível e alongado e possuem uma cauda longa. São animais de ocorrência principalmente nas zonas temperadas do mundo. (3) Gymnophiona - também conhecidas como cecílias, são os anfíbios ápodes, isto é, que não possuem membros anteriores e posteriores. São animais de corpo alongado, cauda curta e de hábitos fossoriais. Ao contrário dos caudatas, esse grupo distribui-se principalmente pelas regiões tropicais.
Os anfíbios estão entre os animais terrestres de grande importância para o meio ambiente, formando uma biomassa extensa por onde a energia flui dentro dos ecossistemas, além de serem importantíssimos para o controle populacional de pequenos artrópodes, como os insetos. Esses são apenas dois fatores, de tantos outros que os anfíbios desempenham para o equilíbrio ambiental.
* que apresentam dois pares de membros, um anterior e um posterior.
Proceratophrys ararype Mângia et al., 2018
SAPO BOI DO CARIRI
O biocangaço vem apresentar a vocês uma nova espécie que foi reconhecida recentemente pela Ciência, o "sapinho do Araripe". Conhecido somente para a sua localidade tipo, ele ocorre na floresta úmida da encosta da Chapada do Araripe, município de Crato, Sul do Ceará. Em uma área de 3100km2 de remanescentes de floresta atlântica, essa espécie pode ser encontrada vivendo na serrapilheira da floresta, localizado a 740m a mais 950m de altitude. Alimentam-se principalmente de insetos e seu período reprodutivo é entre os meses de setembro e dezembro.
Apesar de recém descoberta, está espécie pode está fortemente ameaçada devido a crescente pressão antrópica na encosta da Chapada do Araripe, trilhas recreativas, cultivos comerciais, alteração e perda de habitat e a presença de plantas invasoras ameaçam o hábitat dessa espécie. Além disso, a presença de lixo no interior das florestas que diminuem a qualidade da água e poluem os recursos hídricos ao qual é essencial para a reprodução e sobrevivência dessa espécie.
Por isso fazemos o apelo, se forem fazer trilhas na encosta da Chapada do Araripe sejam responsáveis pelo seu lixo. Preserve a fauna. Preserve o verde. A natureza agradece!
Foto: Biocangaço
Referência
Mângia, S., Koroiva, R., Sales Nunes, P. , Roberto, I., Ávila, R., Sant'Anna, A., Santana, D., Garda, A. (2018). ''A New Species of Proceratophrys (Amphibia: Anura: Odontophrynidae) from the Araripe Plateau, Ceará State, Northeastern Brazil.'' Herpetologica, 74(3), 255-268.
Dermatonotus muelleri (Boettger, 1885)
POKÉMON GO DA VIDA REAL!
O personagem de hoje se fosse um Pokémon seria um pouco difícil de se encontrar. E nem adianta andar quilômetros e mais quilômetros a procura dele, pois ele poderia estar dormindo bem debaixo dos seus pés.
De porte mediano, essa espécie pode chegar a medir mais de 8cm de comprimento, sendo as fêmeas sempre maiores que os machos. Possui hábitos terrestres e é encontrada frequentemente associada ao folhiço das florestas. A sua alimentação consiste principalmente de pequenos artrópodes, sendo os cupins, a presa mais consumida. Uma curiosidade sobre essa espécie é que durante a ausência das chuvas, eles passam a maior parte do ano enterrado no substrato. Esse processo chamamos de estivação, é o que permite que eles sobrevivam durante todo o período de estiagem nas regiões secas. Não é uma espécie rara, apenas difícil de ser encontrada devido aos seus hábitos de vida. Então, se quiserem encontrar esse Pokémon, digo, essa espécie (rsrs) na natureza, fica ligado no início das chuvas. A reprodução de D. muelleri é do tipo explosiva (abundante), coincidindo com o período chuvoso, quando se registra um grande número de indivíduos próximos às lagoas, lagos, pântanos ou poças artificiais.
Essa espécie distribui-se por todo o Brasil, ocorrendo ao longo do bioma Caatinga, e de outros como a Mata Atlântica, Cerrado e Pantanal. Quanto ao status de conservação dessa espécie, segundo a IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza) encontra-se pouco preocupante.
Os ovos dessa espécie são protegidos por uma substancia gelatinosa que os protege contra o ressecamento. Possui características que facilitam sua identificação como corpo achatado, coloração negra, com numerosas manchas irregulares de cor marrom na superfície do corpo e manchas brancas no ventre em menor quantidade.
Referências
Ávila, R.W. (2015) Herpetologia do sul do Ceará e sertão Pernambucano.
Botero, J.I.S & Garcez, D.S. (2014) anfíbios e peixes do parque nacional de Ubajara e entorno.
Filho, P.B.P., Chaves, L.S., Carvalho, R.A., Alves, P.P., D'Assunção, M.M., Prado-Neto, J.G., Fauna ilustrada da Fazenda Tamanduá. Avis Brasilis editora, 2015.
Foto:
Robson Ávila.
Siphonops paulensis (Boettger, 1892)
COBRA, LAGARTO OU ANFÍBIO, QUAL É O BICHO?
Popularmente conhecidos como "cobra-cega", "cobra-de-duas-cabeças" ou Cecílias, ao contrário do que muitas pessoas pensam sobre essa espécie, ela não é uma serpente, mas sim um anfíbio! Os anfíbios pertencentes ao grupo Gyminophiona são ápodes e possuem o corpo cilíndrico e serpentiforme (forma de serpente). Possuem hábitos fossoriais, isto é, vivem abaixo do solo, escavando buracos (galerias subterrâneas) à procura de pequenos invertebrados, dos quais se alimentam. Estão amplamente distribuídos na América do Sul, ocorrendo em áreas abertas e florestadas. No Brasil, existem registros dessa espécie para quase todas as regiões. Podem ser encontrados na Chapada do Araripe onde ocupam áreas úmidas da encosta. De acordo com a IUCN (União Internacional da Conservação da Natureza) a espécie foi avaliada como dados insuficientes devido aos seus hábitos de vida tornar difícil obter esse tipo de informações.
Foto: Robson Ávila
Pleurodema diplolister (Peters, 1870)
Referências:
Botero, J.I.S & Garcez, D.S. (2014) Anfíbios e peixes do parque nacional de Ubajara e entorno.
Rhinella granulosa (Spix, 1824)
Também conhecido como sapo-de-verruga, esse sapinho é bem comum na
região nordeste, ocorrendo em abundância em áreas abertas de Caatingas e
também em zonas litorâneas. Apresentam tamanho pequeno, em torno de 6cm
para os machos e fêmeas podendo chegar até 9 cm de comprimento. A
alimentação dessa espécie é composta principalmente de formigas e
cupins, ocasionalmente ingerindo outros invertebrados como besouros,
aranhas, escorpiões e outros pequenos insetos voadores. São animais
terrestres e de hábitos noturnos. Sua reprodução ocorre durante o ano
todo, atingindo um pico durante a estação chuvosa (fevereiro a abril).
Essa espécie apresenta-se na categoria "pouco preocupante" quanto à
risco de extinção (IUCN, 2010).
Ao tratar-se de anfíbios anuros
(sapos, rãs e pererecas) podemos dizer que esses pequenos e graciosos
bichinhos são mal compreendidos pelas pessoas, que por muitas vezes
sentem medo ou simplesmente os acham "nojentos", "feios" e "perigosos".
Acontece que, quanto a eles serem "nojentos" ou "feios" não podemos
fazer muita coisa, aí vai do gosto de cada um, mas uma coisa que
precisar ser compreendida é que poucas são as espécies de anfíbios que
possuem veneno que podem causar acidentes ao ser humano, como por
exemplo algumas espécies da família Dendrobatidea que ocorrem na região
Amazônica.
Na verdade, eles são elementos fundamentais nos ecossistemas por constituírem com o equilíbrio na natureza. Assim, devemos cuidar e proteger essas e outras espécies de anfíbio ou qualquer outro grupo animal que viermos a encontrar em nosso dia a dia e agir em defesa delas todas as vezes em que presenciarmos alguma ação de maus tratos com esses bichos. A natureza agradece.
Referências:
AmphibiaWeb. 2018. <https://amphibiaweb.org> University of California, Berkeley, CA, USA. Accessed 13 Feb 2018.
Ávila, R.W. (2015) Herpetologia do sul do Ceará e sertão Pernambucano.
Botero, J.I.S & Garcez, D.S. (2014) anfíbios e peixes do parque nacional de Ubajara e entorno.
Silvano, D., Azevedo-Ramos, C., La Marca, E., Narvaes, P., di Tada, I.,
Baldo, D., Solís, F., Ibáñez, R., Jaramillo, C., Fuenmayor, Q. &
Hardy, J. 2010. Rhinella granulosa (errata version published in 2016).
The IUCN Red List of Threatened Species 2010:
Foto: Herivelto de Oliveira
.
Rhinella jimi (Stevaux, 2002)
Falando em anfíbios da Caatinga, é claro que não poderíamos esquecer dele, o famoso sapo-cururu! Considerado uma espécie de grande porte, pode atingir até 20cm de comprimento e pesar pouco mais de 1kg. As fêmeas dessa espécie possuem coloração bege com manchas escuras sobre o corpo, enquanto os machos cores marrom ou esverdeado. Apresentam pele granulosa e um par bem evidente de grandes glândulas de veneno, também conhecidas como glândulas paratóides. Ficam localizadas logo atrás dos olhos, e quando pressionadas secretam uma substância tóxica que auxilia na defesa do animal contra predadores. De hábitos generalistas, R. jimi alimenta-se de uma grande variedade de espécies como formigas, baratas, cupins, aranhas, grilos, mariposas, besouros dentre outros... e até pequenos vertebrados como camundongos... o cardápio desse bichinho é realmente grande como seu apetite! O período reprodutivo ocorre no começo da estação chuvosa e dura em torno de um a dois meses. Nesse período os machos procuram ativamente por fêmeas, vocalizando às margens ou dentro de corpos d'água temporários ou permanentes. Seu canto é bem longo, grave e contínuo e lembra o ruído de um motor. R. jimi apresenta ampla distribuição no bioma Caatinga, ocupando uma grande variedade de hábitats e ocorrendo em altitudes de até 800 metros. No Nordeste ele ocorre desde o Maranhão até a região sul do estado da Bahia. O status de conservação dessa espécie, segundo a IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza) encontra-se pouco preocupante.
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Referências
Ávila, R.W. (2015) Herpetologia do sul do Ceará e sertão Pernambucano.
Botero, J.I.S & Garcez, D.S. (2014) anfíbios e peixes do parque nacional de Ubajara e entorno.
Filho, P.B.P., Chaves, L.S., Carvalho, R.A., Alves, P.P., D'Assunção, M.M., Prado-Neto, J.G., Fauna ilustrada da Fazenda Tamanduá. Avis Brasilis editora, 2015.
Silva, L.A.M., Santos, E.M., Amorim, F.O. (2010) Predação oportunística de Molossus molossus (Pallas, 1766) (Chiroptera: Molossidae) por Rhinella jimi (Stevaux, 2002) (Anura: Bufonidae) na Caatinga, Pernambuco, Brasil. Biotemas, 23(2): 215-218.
Site: AmphibiaWeb. 2018. <https://amphibiaweb.org> University of California, Berkeley, CA, USA. Accessed 02 Jul 2018.
Foto: Biocangaço