Artrópodes

O maior grupo animal dentre vertebrados e invertebrados e com certeza o mais popular dentro os demais filos animais. Vivem em todos os ambientes da terra, mais de 1 milhão de espécies catalogadas, é o grupo mais numeroso. Do grego (arthros = articulado e podos = pés), um fascinante grupo, com os mais diversos sistemas morfológicos, fisiológicos e comportamentais! Possuem uma grande importância ecológica, são fonte de alimento para vertebrados e invertebrados, responsáveis em grande parte da polinização no planeta e também alguns grupos tem grande relevância médica. Estão agrupados aqui os camarões, lagostas e caranguejos (Crustáceos), escorpiões, aranhas e opiliões (Aracnídeos), centopeias e embuás (Miríapodes), gafanhotos, grilos e borboletas (Insetos), entre outros.


Heterophrynus longicornis (Butler, 1873)

ANIMAIS FANTÁSTICOS E ONDE HABITAM: NA CAATINGA BRASILEIRA

Para aqueles que acompanharam a saga do bruxo mais famoso do cinema, Harry Potter, com certeza no quarto filme da saga você se deparou com o personagem que hoje iremos apresentar. Na aula de defesa contra as artes das trevas, o professor "Olho-tonto" Moody utiliza um bichinho muito curioso e cá pra nós bem estranho, quer saber mais sobre ele? Então se liga no post!

A espécie Heterophrynus longicornis pertence a uma ordem chamada Amblypygi que compreende mais de 120 espécies. São conhecidas como "aranhas de chicote" por apresentarem o primeiro par de pernas sensorias com até 25 cm de comprimento, sendo utilizadas em movimento de chicote para percepção do meio e identificação das presas, uma vez que caçam a noite. Apesar do nome e semelhança eles NÃO são aranhas e NÃO possuem glândulas de seda e de veneno. Isso mesmo, você não leu errado, apesar dessa aparência um pouco assustadora os amblipígeos não produzem veneno. A maioria das espécies são noturnas e adultos são geralmente solitários vivendo em florestas úmidas onde são encontradas em troncos podres, entre brechas de rochas e cavernas interiores. Heterophrynus longicornis apresenta um corpo achatado, pedipalpos bem desenvolvidos que carregam espinhos usados para a captura de presas e tem aproximadamente 4 cm de comprimento. Essa espécie está distribuída no Brasil ao longo da Floresta Amazônica, Cerrado e Caatinga, sendo que nessa ultima com registros para os estados do Piauí e Ceará: Chapada da Ibiapaba e Chapada do Araripe.

Curiosidade: Em uma pesquisa desenvolvida por Weygoldt (1977) foi observado que H. longicornis da Amazônia brasileira é relativamente tolerantes uns aos outros, incluindo algumas situações de compartilhamento do mesmo esconderijo.

Referências

Carvalho, L.S., Gomes, J.O., Neckel-Oliveira, S. e Lo-Man-Hung, N.F. (2012) Microhabitat use and intraspecific associations in the whip spider Heterophrynus longicornis (Arachnida:Amblypygi) in forest fragments formed by the Tucuruí Dam lake, Pará, Brazil Journal of Natural History Vol. 46, Nos. 19-20, 1263-1272.

Carvalho, LS, Oliveira-Marques, F.N., Silva PRR. (2011) Arachnida, Amblypygi, Heterophrynus longicornis (Butler, 1873): Distribution extension for the state of Piauí northeastern Brazil.Check List. 7(3):267-269.

Dias, S. C.; Machado, G. (2006) Microhabitat use by the whip spider Heterophrynus longicornis (Amblypygi, Phrynidae) in central Amazon. Journal of Arachnology 34(3):540-544.

Paula-Neto, E., Araujo, D., Carvalho, L.S., Cella, D.M. and Schneider, M.C. (2013) Chromosomal characteristics of a Brazilian whip spider (Amblypygi) and evolutionary relationships with other arachnid orders

Foto: Raquel Soares

Kingsleya attenboroughi Pinheiro e Santana, 2016


Quando você vê um caranguejo, o que rapidamente você imagina? Uma praia? Um manguezal? E se nós do biocangaço dissermos que a existência desses crustáceos vão além da zona do litoral, você acreditaria? Esse é o nosso bichinho de hoje, iremos apresentar o caranguejo do sertão.
Essa espécie foi descrita recentemente para o distrito de Arajara, localizado no município de Barbalha na região do Cariri cearense. Esse caranguejo tem hábitos noturnos e vive nos inúmeros riachos que percorrem a encosta da chapada do Araripe. Estudos vem sendo desenvolvidos acerca de sua biologia para que novas informações nos sejam fornecidas sobre os hábitos de vida dessa tão surpreendente espécie.
A chapada do Araripe é bem conhecida pela grande diversidade e endemismo de algumas espécies, como por exemplo o soldadinho do Araripe, e todas têm em comum a estrita dependência da mata úmida que ocorre somente na encosta da chapada. O que a torna uma área prioritária para a conservação da biodiversidade.

Referências:
Pinheiro, A.L. e Santana, W. (2016) A new and endangered species of Kingsleya Ortmann, 1897 (Crustacea: Decapoda: Brachyura: Pseudothelphusidae) from Ceará, northeastern Brazil. Zootaxa 2, 365-372.
Fotos: Lucineide dos Santos

Dia 3 de outubro é o Dia Nacional das Abelhas

Não é conhecido o porquê dessa data, mas o objetivo foi homenagear um animal muito importante não só para a Caatinga, mas para o mundo! Não é conhecido o porquê dessa data, mas o objetivo foi homenagear um animal muito importante não só para a Caatinga, mas para o mundo!

As abelhas fazem parte da ordem Hymenoptera que também incluem as vespas e formigas. São conhecidas mais de 20.000 espécies em todo mundo e no Brasil estima-se que existam mais de 2.500 espécies de abelhas distribuídas em cinco famílias (Apidae, Halictidae, Colletidae, Andrenidae e Megachilidae), das mais variadas cores tamanhos e formas. As abelhas são conhecidas como insetos sociais, mas vocês sabiam que elas podem apresentar níveis de organização social diferentes? Nas espécies sociais ocorrem muitos indivíduos no mesmo ninho e indivíduos desempenhando diferentes atividades ao longo de suas vidas, mas elas podem ser para-sociais não apresentando ninhos com muitos indivíduos ou divisão de castas bem definidas, mas sem abandonar o ninho após a construção. A fêmea fundadora alimenta suas crias após o nascimento e um tempo depois ela morre. Já as espécies solitárias, constroem seu próprio ninho, defendendo-o contra inimigos naturais, produzindo um número geralmente pequeno e variável de descendentes e morrendo antes que sua cria se torne adulta, estas são a maioria. Os materiais usados para construção dos ninhos podem ser: madeira morta, areia, barro, folhas, pétalas, óleos florais, resinas, etc. Alimentam-se de recursos retirados das flores: grãos de pólen (fonte de proteína e sais minerais); néctar (carboidratos); óleos florais (lipídeos) para abelhas coletoras de óleos através de estruturas especializadas. O pólen é a principal fonte proteica das abelhas adultas e é essencial para a alimentação das larvas em desenvolvimento. Dentre os animais, as abelhas são os principais polinizadores da flora do planeta. Elas respondem pela polinização de mais de 50% das plantas das florestas tropicais e são responsáveis pela polinização de 73% das plantas cultivadas, utilizadas na alimentação direta ou indireta dos seres humanos. A abelha mais conhecida e utilizada na apicultura é a Apis melífera scutellata (abelha africanizada), são abelhas africanas com cruzamento com raças europeias que foram introduzidas no Brasil. Essas abelhas possuem ferrão e possuem mais resistência a doenças e capacidade de adaptação aos biomas brasileiros que as abelhas europeias. Porém, vocês sabiam que em regiões tropicais e subtropicais do mundo existe o grupo mais diversos de abelhas sociais, também conhecidas como 'abelhas indígenas sem ferrão' com 391 espécies identificadas? Essas espécies da tribo Meliponini vão de minúsculas a médias, em geral robustas e seus ninhos são construídos em cavidades pré-existentes (ocos de árvores, ninhos abandonados de cupins e formigas etc.), apesar de algumas espécies construírem ninhos expostos.

O interesse em estuda-las vem aumentando ao longo dos últimos cinquenta anos no Brasil, por serem menos agressivas aos homens e animais, ao manejo relativamente simples e ao estoque de quantidade considerável de mel e pólen. As espécies dessa tribo que ocorrem somente no Nordeste são Melipona mandacaia, Melipona subnitida, Partamona seridoenses encontradas na Caatinga e Melipona scutellaris ocorre nos remanescentes de mata úmida, especialmente na BA e PE. Mais talvez a espécie mais conhecida dessa tribo seja a espécie Trigona spinipes (arapuá) que tem ampla distribuição no Brasil, por ser famosa ao grudar nos cabelos das pessoas que ficam próximas ao seu ninho. Infelizmente um fenômeno conhecido como Colapso das Colônias vem ocorrendo em várias partes do mundo e também no Brasil, que é a perda repentina da população de abelhas adultas. Várias causas têm sido apontadas como: doenças, estresse, ausência de pólen e uso de pesticidas. Muitos pesquisadores apontam os agrotóxicos, principalmente o Fipronil (Regent) e os Neonicotinoides Thiamethoxan (Cruiser), Imidacloprid (Gaucho ou Confidor) e Clothianidin (Poncho) como sendo altamente tóxicos para as abelhas e amplamente usados na agricultura em vários países, inclusive no Brasil. Visto a importância desses pequenos insetos é importante que a sociedade se envolva e procure exigir politicas publicas eficientes para a conservação dessas semeadoras de vida. Caso vocês querem saber mais sobre as abelhas sem ferrão e ajudar na sua conservação existe o programa SOS Abelhas sem ferrão que começou na cidade de São Paulo - SP, com o intuito de levar o conhecimento para população sobre essas abelhas e conscientizando sobre sua importância, além de resgatar enxames em risco e suas extensões nas cidades de Guaxupé e Uberlândia-MG e Jeremoabo - Bahia. Você pode obter informações e fazer doações pelo site: https://sosabelhassemferrao.com.br/site/

Referências:

Abelhas brasileiras: sistemática e identificação / Fernando A. Silveira, Gabriel A. R. Melo, Eduardo A. B. Almeida. - Belo Horizonte: Fernando A. Silveira, 2002. 253 p.: il.

Guia ilustrado de abelhas polinizadoras no Brasil. Claudia Inês da Silva, Kátia Paula Aleixo, Bruno Nunes-Silva, Breno Magalhães Freitas, Vera Lucia Imperatriz-Fonseca 1ª Edição São Paulo - SP, 2014.

Polinizadores no brasil: contribuição e perspectivas para biodiversidade, uso sustentável, conservação e serviços ambientais/ organizadores: Vera Lucia Imperatriz-Fonseca...[et al.]. - São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2012. 488p.

Foto: Biocangaço

Hamadryas amphinome (Linnaeus, 1767)

As borboletas são insetos delicados, com asas membranosas e coberta por escamas que soltam ao serem tocadas, mas não se preocupe, se entrar em contato com os olhos você não vai ficar cego por isso. O gênero neotropical Hamadryas compreende 20 espécies conhecidas, e pertence à Nymphalidae, a maior família de borboletas com cerca de 6.000 espécies.

As borboletas desse gênero são conhecidas popularmente como "estaladeiras", pois foi registrado em oito das vinte espécies, estalinhos produzidos somente pelos machos durante o voo a partir da vibração de um par de suportes espinhosos na ponta do abdômen contra cerdas da estrutura anal, mas ambos os sexos podem detectá-lo. Apesar disso, não há dimorfismo sexual, quando a fêmea é diferente visualmente do macho. Os machos voam de onde estão pousados para atacar 'forasteiros', produzindo estalinhos, seja para indivíduos da mesma espécie ou de outros animais, e também nas interações de cortejo com a fêmea.

Quando a ameaça desaparece, descem para o tronco da árvore saltando através de uma série de voos curtos, até retomarem a posição original. Dentre essas oitos espécies, vamos falar sobre Hamadryas amphinome popularmente conhecida como estaladeira-vermelha, por possuir a face ventral com coloração em tons de vermelho e laranja diferente da face dorsal das asas com tons mesclados de preto e azul iridescente, que varia um pouco de acordo com intensidade e ângulo da luz.

Seu desenvolvimento (do ovo até o adulto) leva de 27 a 35 dias e as larvas possuem hábito gregário, permanecendo juntas na mesma folha da planta hospedeira. Na fase da metamorfose a lagarta tece um ponto de seda, e sua pupa parece uma folha seca. Os adultos se alimentam de seiva que escorre de ranhuras em troncos de árvores e também de frutos em decomposição, caídos no chão.

Exibem um voo irregular e rápido, camuflam-se apoiando-se sobre troncos de cabeça para baixo e com as asas abertas contra a superfície. São ativas desde as primeiras horas do dia até o pôr do sol, e são vistas principalmente próximas a troncos de árvores, e podem ser encontradas em altitudes de 0 a 1500 metros. Ocorrem em habitats de floresta tropical secundária, em florestas caducifólias secas ou úmidas e distribuídas do México até o Peru.

Referências

Fernández Díaz, Cecilia Isabel. Misiones/Mariposas/Butterflies/Borboletas. 2007. 1 ed. - Buenos Aires: Golden Company, 192p.

Lourenço, Victor Toni. Defesa de territórios de acasalamento por machos da estaladeira-vermelha, Hamadryas amphionome (Lepidoptera: Nymphalidae), uma borboleta neotropical. Campinas, SP : [s.n], 2015.

https://faunaefloradorn.blogspot.com.br/2014/05/borboleta-estaladeira-hamadryas.html

Foto: Sanjay Veiga

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