Mamíferos

Os mamíferos apresentam como características principais a presença de pelos, diversas glândulas, elevadas taxas metabólicas, podem ser vivíparos ou ovíparos e são homeotérmicos, isto é, mantém a temperatura corpórea constante. Os mamíferos atuais são divididos em três grupos: (1) Monotremados ou Prototheria - mamíferos ovíparos fazem parte desse grupo o Ornitorrinco e o Equidina. (2) - Marsupiais ou Metatheria - são os mamíferos que possuem uma bolsa externa na qual o filhote completa seu desenvolvimento. Nesse grupo fazem parte várias espécies como por exemplo, os cangurus e os gambás. (3) - Placentários ou Eutherios, este é o maior grupo dentre os demais. Os filhotes desenvolvem-se dentro de uma placenta dentro do útero da fêmea durante a gravidez.

Habitam diferentes hábitats sendo encontrados espécies marinhas, dulcícolas, terrestres e até aquelas que exploram os ambientes aéreos, como os morcegos! Embora não constituam a maior classe dentre os vertebrados, é o grupo mais diversificado apresentando indivíduos desde pequenos roedores com poucas gramas até indivíduos, cujo o peso ultrapassa toneladas.

Euphractus sexcinctus (Linnaeus, 1758)

Referências

Filho, P.B.P., Chaves, L.S., Carvalho, R.A., Alves, P.P., D'Assunção, M.M., Prado-Neto, J.G., Fauna ilustrada da Fazenda Tamanduá. Avis Brasilis editora, 2015.

Sites:

Portal do ICMBio: <www.icmbio.gov.br/portal/faunabrasileira/estado-de-conservacao/7109-mamiferos-euphractus-sexcinctus-tatu-peba>

O ECO: <www.oeco.org.br/blogs/fauna-e-flora/27871-tatu-peba-gosta-de-salada-mas-tem-fama-macabra/ >

Foto: Herivelto de Oliveira

Dos bichos que já apresentamos aqui, o personagem de hoje tem nome pra dar e vender... Essa espécie é conhecida por tantos nomes populares que fica difícil listá-las aqui... mas vamos lá!

Conhecido como tatu-peba, tatu-chato, papa-defunto, tatu-peludo, tatu-testa-de-ferro, tatupoiú, tatu amarelo, tatu-cascudo, tatu-de-mão-amarela ou simplesmente tatu! Ufa! É um animalzinho muito simpático e inofensivo. Mede cerca de 40cm do focinho à cauda e pesa em torno de 5kg. Distingue-se das demais espécies por apresentar coloração mais amarelada a amarronzada, cabeça triangular e achatada, pelos esparsos, com seis a oitos cintas móveis. É um animal solitário, que vive em ambientes florestados ou de pastagens. Possui garras bem desenvolvidas que são utilizadas para cavar e construir suas tocas. São terrestres de hábitos diurnos e noturnos, passando o tempo em que não está ativo descansando em sua toca. A dieta desse tatuzinho é bem generalista, alimenta-se principalmente de matéria vegetal como frutas, tubérculos e sementes, mas também faz parte do seu cardápio insetos e outros artrópodes, pequenos vertebrados como sapos e matéria orgânica em decomposição. Quanto a reprodução desses animais, machos e fêmeas atingem a maturidade sexual aos nove meses de vida. O período de gestação nessa espécie dura três meses com fêmeas dando luz a uma ninhada de 1 a 3 filhotes, podendo viver até 15 anos na natureza ou 18 anos em cativeiro. A distribuição de E. sexcinctus é ampla ocorrendo desde o Suriname à Argentina. No Brasil, ocorre em quase todos os estados (exceto Amazonas, Roraima e Acre) e pode ser encontrado em todos os biomas brasileiros. Quanto ao status de conservação dessa espécie, segundo a IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza) encontra-se pouco preocupante.

Didelphis albiventris (Lund, 1840)

Popularmente conhecido como cassaco, gambá-de-orelhas-brancas ou simplesmente gambá, esse animalzinho representa um dos maiores marsupiais do Novo Mundo existentes atualmente. Esse simpático mamífero marsupial de médio porte pode atingir até 80 cm de comprimento total e pesar cerca de 1,5 kg. Sua coloração varia de tons claros na região abdominal (branco ou amarelado), a cores mais escuras ou acinzentadas na região dorsal, com pelos grossos e grandes que variam em tamanho o que confere o aspecto assanhado a esses animais. Além disso, apresenta uma cauda longa e preênsil, de coloração preta e ponta branca, desprovida de pelos (exceto na base da cauda). Possuem orelhas claras, daí serem chamados de "gambá-de-orelhas-brancas", face esbranquiçada e uma máscara periocular (manchas escuras ao redor dos olhos) bastante evidente. As fêmeas dessa espécie possuem um marsúpio bem desenvolvido com 13 mamas. De hábitos noturnos e crepusculares, podem ser vistos vez ou outra à luz do dia. São onívoros, e isso quer dizer que, se alimentam de uma grande variedade de itens como frutos, pequenos insetos e uma grande variedade de artrópodes, ovos e pequenos vertebrados, como anfíbios e lagartos. A reprodução de D. albiventris ocorre no fim da estação seca, dando ninhadas de até 20 filhotes na estação chuvosa depois de 14-15 dias de gestação. D. albiventris é uma espécie de ampla distribuição pela América do Sul, ocorrendo desde a Colômbia a Argentina. No Brasil, ocorre em todos os biomas não penetrando consistentemente a Amazônia. Quanto ao status de conservação dessa espécie, segundo a IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza) encontra-se pouco preocupante.

PARA SABER MAIS:

- A família Didelphidae é exclusivamente americana, reúne animais como gambás, cuícas e jupatis.

- No Brasil existem três espécies de gambás: Didelphis albiventris, D. aurita, e D. marsupialis. Estes dois últimos diferindo da espécie apresentada neste post, por possuírem orelhas pretas. Todos apresentam ampla ocorrência em diferentes biomas brasileiros.

- Infelizmente esses animais são vítimas com certa frequência de ações humanas, como muitas vezes atropelamentos ou simplesmente os matam por acreditarem que são perigosos, venenosos, que podem fazer mal ao ser humano ou mais comumente por invadirem galinheiros a procura de alimento.

Referências

Cáceres, N.C.; Monteiro-Filho, E.L.A. (1999). Tamanho corporal em populações naturais de Didelphis (MAMMALIA: MARSUPIALIA) do Sul do Brasil. Rev. Brasil. Biol., 59 (3):461-469.

Filho, P.B.P., Chaves, L.S., Carvalho, R.A., Alves, P.P., D'Assunção, M.M., Prado-Neto, J.G., Fauna ilustrada da Fazenda Tamanduá. Avis Brasilis editora, 2015.

Fonseca, L. E. A. (2003). Adaptações de Didelphis albiventris Lund. para o ambiente urbano. Monografia apresentada como requisito para a conclusão do curso de Biologia do Centro Universitário de Brasília.

Fonseca, G.A.B.; Herrmann, G.; Leite, Y.L.R.; Mittermeier, R.A.; Rylands, A.B.; Patton, J.L. (1996). Lista anotada dos mamíferos do Brasil. Conservation International & Fundação Biodiversitas, Occasional paper n.4.

Foto: Herivelto de Oliveira

Kerodon rupestris (Wied, 1820)



Conhecido popularmente como "mocó", são pequenos mamíferos terrestres endêmicos da Caatinga. Essa espécie vive em pequenas colônias feitas em buracos na terra, em árvores ou fendas nas rochas. São herbívoros e de hábitos crepusculares. Esses animais possuem grande importância ecológica, principalmente por atuarem como dispersores de sementes. A caça de subsistência é um dos maiores problemas para a conservação da fauna da Caatinga. Os mocós se tornaram alvo muito visado pelos caçadores por terem uma carne muito saborosa e apreciada pela população rural, o que levou a diminuição drástica de sua população em algumas localidades.

Referências:
Joner D.C., Lima M.V.G. e Rubeiro L.F. (2011) Estudo comportamental de um roedor endêmico da Caatinga: Keredon rupestris (Wied, 1820). X Congresso de Ecologia do Brasil, São Lourenço-MG.
Zogno M.A., Miglino M.A. e Oliveira F.M. (2004) Análise bioquímica dos líquidos fetais e citologia do fluido amniótico da fêmea de mocó (Kerodon repestris). Departamento de Reprodução Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, São Paulo-SP.
Foto: Biocangaço

Dasyprocta prymnolopha (Wagler, 1841)

Popularmente conhecida como cutia, ocorre desde o leste do rio Tocantins à Bahia, ao norte de Minas Gerais, incluindo os estados do Pará, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Alagoas. Pertence ao gênero Dasyprocta. Possuem patas longas e finas e cauda nua. A pelagem é formada por pelos hipertrofiados que se eriçam em situações de alarme ou estresse. Sua coloração é laranja-avermelhada. Possuem hábitos terrestres, podem se alimentar de frutas, sementes, raízes e plantas suculentas. São diurnas e crepusculares, sendo mais ativas no início da manhã e no final da tarde. As fêmeas desse gênero possuem quatro pares de mamas. Reproduzem-se ao longo de todo o ano, com um período de gestação de 105 a 120 dias, produzindo geralmente duas ninhadas por ano, e de um a três filhotes. São importantes dispersoras de sementes de pequeno a grande porte, acumulando as mesmas em diversos locais dentro dos seus territórios.

Referências:
Reis, N. R. dos. et al. (2006). Mamíferos do Brasil. Londrina. 437p.

Foto: Jéssica Santos

Thylamys karimii (Petter, 1968)

Desta vez mostraremos para vocês um marsupial, o Thylamys karimii, da família Didelphidae. Seu tamanho é pequeno variando de 14 a 23 cm do focinho até a cauda, e possui uma reduzida faixa de pelos escurecidos ao redor dos olhos, dando a aparência de uma máscara. Sua coloração no dorso é marrom-acinzada e a reprodução é descrita por um conjunto de informações apresentadas ao gênero Thylamys, onde cada ninhada possui até 17 filhotes, sendo que 11 a 13 sobrevivem até o desmame. A Cuíca, como é conhecida popularmente, ocorre principalmente em formações vegetacionais abertas e é uma espécie endêmica do Brasil, tendo a sua distribuição nos biomas Caatinga e Cerrado, difundindo-se no interior da região Nordeste até o norte de Minas Gerais e dos estados de Rondônia à Mato Grosso. A dieta de T. karimii é insetívora-onívora, e este faz parte da dieta de muitas outras espécies, como corujas e em menor frequência os canídeos. Apesar dos poucos estudos e conhecimentos sobre essa espécie, ela já é considerada como vulnerável na lista vermelha de espécies ameaças da União Internacional para Conservação da Natureza-IUC, pois ocorre em uma extensão que vem sofrendo uma rápida conversão em áreas agrícolas, particularmente em pastagens e plantações de soja no Cerrado. Na Caatinga os riscos incluem degradação do ambiente por caprinocultura e desmatamento tanto para agricultura quanto para a retirada de lenha.

Agradecimento especial ao biólogo Hugo Fernandes.

Referências:

Reis, N. R, Peracchi, A. L, Pedro W. A, Lima I. P. Mamíferos do Brasil. Londrina - Paraná. 2006.

Cáceres, N. C. Os Marsupiais do Brasil (Biologia, ecologia e conservação) 2 edição. Campo Grande - MS. 2012.

Foto: Herivelto Oliveira

Callithrix jacchus (Linnaeus, 1758)

Integrante da ordem Primata, Callithrix jacchus (soins) são animais de pequeno porte, arborícolas, que ocorrem em vegetação secundaria, fragmentada ou em áreas perturbadas. Sua alimentação consiste em insetos, aranhas, frutos, ovos, filhotes de passarinhos, lagartixas e a ingestão de goma no período da seca, isso mesmo, goma! Aquele fluido que escorre de troncos das árvores gumíferas. Essa goma serve de fonte de carboidratos, cálcio e algumas proteínas que compõe a base da sua dieta. Além disso, são animais que vivem em bandos com cerca de seis indivíduos, sendo considerados animais territoriais que se organizam coletivamente e são lideradas por um casal ou pela fêmea mais velha. Atingem a maturidade sexual entre doze e quinze meses, seu sistema de acasalamento pode ser tanto monogâmico (um indivíduo tem apenas um parceiro durante a sua vida ou durante períodos) quanto poliândrico (uma fêmea é ligada a dois ou mais machos ao mesmo tempo). O tempo de vida estimado para esses animais em ambientes naturais varia de 16 a 17 anos, já em cativeiro a estimativa é de 5 a 7 anos.
Essa espécie é endêmica do Brasil, mais especificamente do nordeste brasileiro, abundante e amplamente distribuída na Caatinga e Mata Atlântica do Nordeste está presente nos estados de Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte como residente e nativo. Infelizmente aos poucos foi introduzido em diversos estados do Brasil como no Espírito Santo, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina, sendo uma espécie invasora nestes estados onde sofre grandes consequências como a desconexão e redução do hábitat, e também causando grandes consequências por ameaçar outras espécies.

Essas "invasões" são resultados diretos da ação humana, em função do pouco conhecimento que o ser humano possui acerca dos impactos ambientais que a sua "ingênua ação" pode causar a essa espécie e meio ambiente. Segundo a IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza) seu estado de ameaça encontra-se pouco preocupante (LC).No entanto, não se pode deixar de pensar em ações para a conservação desta espécie em sua área de ocorrência natural como por exemplo a identificação de populações selvagens e proteção destas em Unidades de Conservação, proporcionando a garantia de conservação da espécie e de outras em áreas particulares ou públicas. Promover o desenvolvimento de ações de educação ambiental junto à sociedade e escolas afim de que as pessoas possam conhecer mais a fauna endêmica da nossa região e por fim possam respeitá-la. E por fim, criar e implementar programas de recuperação de habitat e formação de corredores ecológicos para conexão de fragmentos de mata nativa, são essas algumas das possibilidades de atitudes ecológicas que podem vir a contribuir para a conservação desta espécie e de várias outras que existem no Nordeste e coocorrem com o nosso querido soim.

Referencias:
<www.icmbio.gov.br>
Martins, I. G. Padrão de Atividades do Sagui Callithrix jacchus numa Área da Caatinga. Natal. 2007.
Reis, N. R, Peracchi, P. L, Pedro W. A, Lima I. P. Mamíferos do Brasil. Londrina - Paraná. 2006.

Foto: Biocangaço

Morcegos

Quando se fala em morcegos, qual a primeira coisa que te vem à cabeça? No que você pensa? Huumm... Por acaso vocês pensam em vampiros sugadores de sangue? No Conde Drácula? Os morcegos são bichinhos injustiçados e incompreendidos!

Você sabia que existem cerca de 1200 espécies de morcegos em todo o mundo, e que apenas três espécies são hematófagas (alimentam-se de sangue), o que corresponde a menos de 1% das espécies! Quer mais? Dessas três, uma se alimenta apenas de sangue de aves (Diphylla ecaudata), outra de aves e eventualmente de mamíferos (Diaemus youngi), e a terceira com sangue de mamíferos (Desmodus rotundus), mas raramente ocorrem ataques aos seres humanos. Os morcegos hematófagos possuem ocorrência restrita para as Américas, o que inclui o Brasil. E os mais de 99% de morcegos existentes, em sua maior parte são insetívoros ou frugívoros, ocorrendo também registros de espécies carnívoras (consome pequenos vertebrados), piscívoras, polinívoras e nectarívoras.

Esses animais são de grande importância ecológica, principalmente, no controle de pragas e dispersão de sementes por maiores distâncias. Enxergam muito bem, e possuem um mecanismo de ecolocalização espetacular, que os possibilitam conhecerem detalhes do objeto em seu caminho, assim como o tamanho e textura, permitindo o desvio de barreiras ou captura de alimentos. Representam 20% dos mamíferos de todo o mundo, mas estão sempre associados à coisas ruins como o famoso personagem fictício vampiresco, Conde Drácula, ou à transmissão do vírus da Raiva.

Infelizmente, esse fantástico grupo de mamíferos voadores são constantemente ameaçados por ações antrópicas e desmatamento. No Brasil existem em torno de 200 espécies de morcegos e sete delas estão na lista vermelha de espécies do Brasil ameaçadas de extinção (MMA, 2014): Furipterus horrens, Natalus macrourus, Glyphonycteris behnii, Lonchophylla dekeyseri, Lonchorhina aurita, Xeronycteris vieirai e Eptesicus taddeii. E então pessoal, observaram a importância de se conservar esses animais silvestres?! Pergunte aos seus amigos o que pensam sobre os morcegos! E se quiser conhecer um pouco mais sobre os mamíferos voadores verifica a bibliografia básica que informamos abaixo... Ah, e se tiver alguma dúvida/curiosidade manda pra gente! Até a próxima.

Referências:

MMA. Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção. Portaria nº 444, 2014.

Reis, N. R.; Fregonezi, M. N.; Peracchi, A. L. & Shibatta, O. A. (2013). Morcegos do Brasil. Guia de Campo. Technical Books Editora. Rio de Janeiro. Brazil.

Reis, N. R.; Peracchi, A. L.; Batista, C. B.; Lima, I. P. & Pereira, A. D. 2017. História Natural dos Morcegos Brasileiros - Chave de Identificação de Espécies. Technical Books, Rio de Janeiro, 416 p.

Reis, N.R.; Peracchi, A.L.; Lima, I.P. & Pedro, W.A. 2007. Morcegos do Brasil. Londrina, Editora da Universidade Estadual de Londrina. 253p.

Foto: Biocangaço

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